Saúde e Reconhecimento
A televisão é um meio de comunicação incrível. Assim como pelo rádio, tenho grande apreço por esta caixinha falante. É uma das poucas companhias garantidas para todo momento, e a vantagem é que você sempre escolherá o assunto da conversa. Confesso que não esbanjo muito tempo para assisti-la, entre compromissos oficiais e visitas regionais, me esforço para espiá-la por alguns minutos. Há algum tempo, noticiou-se continuadamente sobre a proibição do amianto em território nacional e toda a transformação que isso causará. Zapeando os canais, fiquei feliz em ouvir o meu nome ligado ao assunto. Foi prova da eficiência que estou tendo no trabalho pela saúde.
Foi ainda em 1997, em meu primeiro ano como Vereador, que propus a proibição do amianto na cidade de São Paulo. Conhecia os riscos de tal propositura, afinal a intervenção mexeria diretamente com o lucro de inúmeras indústrias do setor, mas independente das consequências, fui em frente e dei prioridade a saúde da população.
Por que foi necessária a proibição do amianto?
Seguindo o exemplo de outros países, recomendei a inibição desta substância e suas derivações em razão do seu efeito prejudicial à saúde. O amianto está presente em alguns tipos de telha e caixas d’água, estas por sua vez, quando cortadas, furadas ou quebradas, liberam fibras microscópicas que ao serem aspiradas, ficam para sempre no organismo, podendo causar diversas doenças. Entre elas estão o Câncer de pulmão, a Mesotelioma que é uma forma de câncer no peito, e a Asbestose, doença que leva à insuficiências respiratórias. Só até 2010, ocorreram mais de 4 mil mortes por causa de doenças ligadas ao amianto.
Busca incessante e engajamento recarregável
Foram precisos muitos anos de insistência para conseguirmos a aprovação do projeto.
Na política as coisas nunca são simples ou saem exatamente como queremos. Em consequência de intervenções alheias, muitas vezes ligadas a interesses contrários à população, a votação do projeto foi adiada repetidas vezes, e isso desgastava muito nossos esforços.
Mesmo cansados e com infinitas atribuições para resolver, eu e minha equipe nunca perdemos a esperança. Não podíamos nos dar ao luxo de imaginar que não conseguiríamos. Nossa recarga de engajamento vinha por meio das visitas que fazíamos aos “enfermos do amianto”. Na época, existia próximo ao escritório político, um centro de tratamento especializado em doenças relacionadas ao amianto e nossa presença era recorrente.
As dependências não eram muito bem estruturadas e já dava para escutar a orquestra de tosses logo nas escadas principais. Tinha gente de todos os tipos e lugares, jovens, velhos, homens e algumas mulheres. Todos protagonizavam histórias de muito trabalho e dedicação, infelizmente manchadas pelo contato com o amianto.
A maioria está muito bem até hoje, mas nosso maior objetivo era eliminar a recorrência daquela situação triste e desagradável.
Êxito
Por fim, com o apoio e pressão de ONGs e entidades simpáticas à causa, conseguimos a votação e a aprovação do projeto de proibição do amianto em 16 de março de 2001, sancionado pela então Prefeita da época, Marta Suplicy.
Minha lei foi a primeira iniciativa em todo país a decretar a proibição do amianto. Com o tempo outros Estados e Regiões atestaram a importância deste feito e também sancionaram leis de proibição ao uso da substância.
E agora, no final de 2017, a proibição foi estendida por todo o país!
Fico orgulhoso e muito satisfeito em ser o precursor desta transformação! Em poucos anos o uso do amianto e seus derivados será completamente erradicado do Brasil, e finalmente, não precisaremos mais de centros especializados em doenças do gênero.
O Trabalho Continua!
Banido em 75 países, o amianto é considerado uma substância cancerígena pela Organização Mundial da Saúde. Estimativas indicam que mais de 100 mil trabalhadores no mundo morrem por ano pela exposição ao minério e suas fibras.