Psicopedagogo Escolas

Um relato pessoal do Deputado Goulart sobre este importante avanço para a educação

Goulart conta a história que sucedeu um de seus projetos de lei aprovados em São Paulo, nos tempos de Vereador: a necessidade de psicopedagogos nas escolas da rede municipal.

Lembranças de verão

Mais um ciclo de aulas está para recomeçar, e com elas, boas memórias vêm a cabeça.

Psicopedagogo Escolas

As férias de verão sempre foram especiais. Ter meus filhos em casa por mais tempo, tornava os problemas tênues e os dias mais longos e felizes. Jogávamos bola quase todos os dias, íamos pescar, assistíamos aos jogos do Timão no estádio… A gente estava sempre arrumando algo diferente para fazer juntos. Pena que durava pouco tempo. Logo as aulas surgiam no calendário e lá estavam eles.

 

Na escola, nunca tiveram problemas. Claro que, de vez em quando, chegavam alguns bilhetes de professores queixando-se do excesso de brincadeiras, mas o desempenho escolar dos meninos sempre me orgulhou.

Rodrigo é o mais velho. Você já deve até o conhecer como Vereador Rodrigo Goulart. Este sempre foi o mais centrado e estudioso, enquanto seu irmão Fábio era um pouco mais adepto à bagunça.

A grande disputa escolar

Lembro-me que Rodrigo gostava de rivalizar suas notas com um colega de sala (o qual não citarei o nome). Os dois eram sempre os detentores das maiores médias da classe e quando Rodrigo perdia a disputa, ficava um pouco chateado. Isso era bom, pois o fazia se dedicar mais, porém eu explicava que nem sempre as coisas acontecem como esperamos. E parece que não aconteceram para o colega dele.

Depois de alguns anos, Rodrigo veio me falar que seu “adversário” não era mais o mesmo. Suas notas tinham despencado e ele quase não falava mais com ninguém da sala. Isso, ironicamente, chateou o nosso competidor, que me disse, indignado:

– Ele tá trapaceando! Sabe que sou competitivo e agora não vai bem nas provas só pra me irritar!

Lembro de dar boas risadas com essa pérola do Rodrigo. O tempo passou e o assunto ficou esquecido. Até que Rodrigo entrou na faculdade e reencontrou seu tradicional adversário.

O reencontro

Rodrigo contou que o rapaz estava bem animado, não fazia o curso veterinário como ele, mas frequentava a mesma instituição de ensino. Depois de alguns minutos de conversa, finalmente descobriu o que tinha acontecido. Na época da escola, o menino tinha perdido o pai em uma colisão na estrada, isso afetara muito seu desempenho curricular. A única solução encontrada foi o auxílio de terapias, que incrivelmente ajudaram o rapaz a se recuperar do trauma e retornar a sua alta performance habitual.

O sentimento de empatia invadiu minha mente e a de Rodrigo. Sabe lá quanto o rapaz sofreu com toda aquela situação, quantas amizades  perdeu, quanto ele deixou de aprender… Era horrível de se pensar.

Da “comoção” à “solução” para a educação

Psicopedagogo Escolas

Não tinha como ajudarmos o rapaz, até porque ele já estava recuperado do ocorrido e se mostrara bem. Mas será que daria para prevenir problemas psicológicos na escola como este? Cabeça de político é assim, sempre à procura de soluções para os problemas que esbarramos na vida, a fim de que ninguém mais precise passar por eles.

Depois de algum tempo, contei a história para minha equipe de forma despretensiosa, e curiosamente compraram a ideia de prontidão.

Começamos a analisar a situação e arquitetar as possibilidades de abordagem do problema. Percebemos então que esta era apenas a ponta do iceberg.

Pesquisando sobre o assunto, descobrimos que muitos alunos têm dificuldades de acompanhar as aulas por inúmeros fatores: distúrbios de aprendizagem, síndromes e problemas psicológicos, traumas, baixa autoestima, entre outros. Isso acarreta o isolamento e o não aprendizado de boa parte dos estudantes.

Precisávamos de profissionais com a capacidade de atender estes casos, atuando na orientação dos pais e construindo planos individuais de desenvolvimento para cada aluno.

Foi a partir daí que conseguimos amadurecer o projeto. Levaríamos psicopedagogos para as redes municipais de ensino. Custasse o que custasse.

Mas qual o papel do Psicopedagogo nas escolas?

Aqui vão algumas explicações oficiais:

 “Ele entra para ajudar a observar os processos de construção do conhecimento e favorecer a aprendizagem daqueles que precisam desenvolver competências e que, muitas vezes, não conseguem fazê-lo só com a ajuda dos professores.” Explica Gilca Kortmann, Vice presidente da unidade do Rio Grande do Sul da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

“O psicopedagogo é alguém com um olhar diferenciado para as defasagens, mas que visa principalmente formar e orientar os professores. Deve existir diálogo constante entre esses profissionais, para refletir e realizar interferências no processo de aprendizado dos alunos”, segundo Matheus Soares, professor de Língua Portuguesa na Escola Estadual Senador José Ermírio de Moraes e pós-graduado em Psicopedagogia pelo CENSUPEG.

O caminho até a aplicação nas escolas

À luz deste conhecimento, fomos batalhar pela a aprovação do projeto. Esta iniciativa teve origem em 2005 e não foi nada fácil conseguir a validação.

Independente das dificuldades e com o apoio da classe psicopedagoga do Brasil, continuamos empenhados em nome da causa, até porque, como já relatei em outra história, quando o assunto é educação, não meço esforços.

Então, após 8 anos de luta, nosso projeto foi finalmente sancionado em 23/04/2013,  pelo então Prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

O Secretário Municipal de Educação da época, César Callegari, foi um grande aliado:

“O psicopedagogo vai atuar na mediação de conflitos e no encaminhamento de problemas de aprendizagem que envolvem a articulação com a família e o acompanhamento do estudante em seu ambiente social”.

Ampliação em âmbito nacional

Quando Rodrigo ficou sabendo de tudo, ficou feliz e orgulhoso. Logo correu para contar ao antigo rival o que sua bonita história tinha proporcionado de benefícios para o desenvolvimento educacional de São Paulo.

Há diversos estudos que comprovam a eficácia dos psicopedagogos em instituições de ensino. Na época como ainda era vereador, consegui a conquista apenas para a cidade de São Paulo.

Mas não tenha dúvidas, como Deputado Federal, em pouco tempo conseguirei trazer essa transformação para todas as escolas do Brasil.

Nosso empenho em nome da educação nunca terminará.

O Trabalho Continua!

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